Euclides da Cunha revisitado
Depois
do centenário da morte do escritor, ruidosamente lembrada em 2009, celebram-se
agora os 110 anos da publicação de “À margem da história”, conjunto de ensaios
sobre a Amazônia.
Em
vez do épico sobre a Guerra de Canudos, que resultou no massacre de 22 mil
camponeses seguidores do líder religioso e fanático Antonio Conselheiro, o eixo
das discussões da Flip q hoje se inaugura será o relato dramático do mesmo
Euclides da Cunha, após uma longa viagem à Amazônia, sobre a crescente da devastação da floresta e as
condições miseráveis em que já viviam suas populações no início do século
passado.
Por
qualquer ângulo que sejam estudados, o
autor e sua obra suscitarão um debate menos literário do que político. Porque
tanto o Nordeste quanto a Amazônia, nos seus rincões mais profundos, continuam,
já com este século XXI avançado, à margem da história, condenados à pobreza e ao esquecimento.
Sem
contar que a história pessoal do próprio Euclides da Cunha foi uma sucessão de
tragédias, que culminaram com o seu assassinato pelo amante de sua mulher, a
quem tentara matar por uma questão de honra.
As
discussões serão quentes.
Agora
mesmo, depois de reler “Os sertões”, que não é tarefa que se possa dizer fácil,
embora prazerosa e instrutiva, reli o pequeno livro da historiadora Mary del
Priore, “Matar para não morrer – A morte de Euclides da Cunha e a noite sem fim
de Dilermando Reis” (Objetiva, 2009), em que ela narra, quase
cinematograficamente, a tragédia pessoal do escritor. Livro que recomendo.
A
obra de Euclides da Cunha é tão grandiosa e a sua vida tão surpreendente, que a
Flip pode dar-se o luxo de repetir repetir, neste ano, a homenagem de 2009.
É
justa e merecida.
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