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Mostrando postagens de julho, 2019

Maria Firmina chegou lá

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Publicado há 160 anos, em São Luís, o romance Úrsula , de Maria Firmina dos Reis, é hoje considerado um marco na história da literatura brasileira. Não por seu valor literário intrínseco (“Mesquinho e humilde livro é este que vos apresento”, advertiu a autora), mas por ser um dos primeiros, se não o primeiro, romance de temática nacional escrito por uma mulher e o primeiro a abordar, criticamente, o instituto da escravidão no Brasil. ​ Maria Firmina dos Reis é, desde os anos 90, verbete de importantes obras de referência, no Brasil e no exterior, dentre as quais The Bloomsbury guide to women’s literature , publicado em 1992 pelo Wheaton College Massachusetts, nos Estados Unidos); o Dicionário de mulheres do Brasil (2000); e o Dicionário literário afro-brasileiro (2007).  Teses e ensaios sobre a escritora e seu romance multiplicam-se nas universidades. Mais de uma dezena de edições de Úrsula está disponível no mercado. É uma situação surpreendente em relação a uma autora

Euclides da Cunha revisitado

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                Em menos de dez anos, a Festa Literária Internacional de Paraty, a Flip, criada há apenas 17, homenageia pela segunda vez, a partir desta quarta-feira,   o jornalista e escritor Euclides da Cunha (1866-1909), autor de um dos maiores clássicos da literatura brasileira, o livro-reportagem “Os sertões”. Depois do centenário da morte do escritor, ruidosamente lembrada em 2009, celebram-se agora os 110 anos da publicação de “À margem da história”, conjunto de ensaios sobre a Amazônia. Em vez do épico sobre a Guerra de Canudos, que resultou no massacre de 22 mil camponeses seguidores do líder religioso e fanático Antonio Conselheiro, o eixo das discussões da Flip q hoje se inaugura será o relato dramático do mesmo Euclides da Cunha, após uma longa viagem à Amazônia,    sobre a crescente  da devastação da floresta e as condições miseráveis em que já viviam suas populações no início do século passado. Por qualquer ângulo que sejam estudados,   o autor e sua ob

Fim da Tempestade

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Ontem, bem cedo, ao acessar a Internet, deparei com um vídeo que me transportou, como a madeleine de Proust, ao meu passado mais distante, o tempo perdido na névoa das lembranças remotas.  No vídeo, o maestro Francisco Lopes Galvão executa ao saxofone uma música que inúmeras vezes ouvi na minha adolescência, como estudante do ginásio Pio XI, dos frades capuchinhos italianos, em Barra do Corda. Era “O fim da tempestade”.  Impossível ouvir, emocionado, aquela música, um bolero, de melodia singela e triste, sem lembrar a figura terna, doce e inquieta do seu autor, o professor Galeno Edgar Brandes.  Com esse nome sonoro de médico grego, o professor Galeno foi, para mim e muitas gerações de estudantes, o protótipo de intelectual correto e do homem bom e de ação. Mestre a amigo. Além de professor de matemática, era poeta, desenhista, escritor, jogador de futebol, compositor e músico. Também ensinava física, química, biologia e até educação física, quando o professor titular faltava