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Os olhos tristes de Verônica

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           V agava pela cidade com umas roupas velhas e compridas, a cabeça coberta por um molambo em forma de véu ou mantilha, sem esconder o rosto negro, magro e uns olhos escuros e profundos que sempre me pareceram os olhos da pessoa mais triste do mundo.               Ninguém sabia onde morava. Acredito que não tinha casa nem ninguém em sua vida, pois era comum encontrá-la adormecida entre as raízes de uma sumaúma centenária na beira do rio Corda, às 5 horas da manhã, quando eu e meus colegas do colégio nos atirávamos contrariados em suas águas gélidas para dar por concluída a aula de educação física com que o cabo Juarez nos torturava às terças e às quintas-feiras na praça da Bandeira.    Todos os dias, às 7 horas, ela assistia à celebração da primeira missa, ajoelhada no pátio calçado de pedras que existe em frente ao portão principal da igreja matriz, de onde podia divisar o retábulo com frisos de ouro e ouvir a voz e observar os gestos de frei Marcelino de Milão, com seu portug