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Mostrando postagens de 2023

A vantagem do silêncio sobre a adesão do MA à Independência

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Há uma vantagem inegável na ausência de celebrações oficiais na data do Bicentenário da Adesão do Maranhão à Independência do Brasil, que transcorre amanhã, 28 de julho.    Com a indiferença e quase desprezo das autoridades e instituições culturais em relação a tão relevante episódio histórico, afastam-se riscos da reiteração de homenagens, desnecessárias e imerecidas, ao lorde escocês e herói da Marinha inglesa Thomas Cochrane, que já ostenta, para contrariedade dos maranhenses, o título de Marquês do Maranhão. Pois, a verdade é que nenhuma homenagem deve o Maranhão a essa figura em retribuição a serviços que haja eventualmente prestado em apoio à nossa luta pela Independência.  Lorde Cochrane   Não somente porque, a instâncias de José Bonifácio, contratado pelo nascente império brasileiro para submeter as províncias que se opunham à emancipação do jugo português, tenha ele mesmo recebido, ou indiretamente por meio de descendentes, cada centavo do que se julgava merecedor. Nem mesmo p

Quanto vale um poeta?

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"Pai, sugiro que leia este livro. Sei que vai gostar". Tratava-se de um pequeno volume de capa azul com uns desenhos repetidos e um título curioso:  Vamos comprar um poeta . O autor, o português Afonso Cruz, de quem jamais ouvira falar.  Recebi o livro, coloquei-o na mesinha ao lado da poltrona e continuei a ler o  Livro de areia , de Borges, por quem ando fascinado ultimamente. E prometi a Duda acatar sua sugestão. No dia seguinte, de saída para a universidade, ela foi novamente ao cantinho da sala em que me recolho para ler, viu o Borges cobrindo meu rosto, e cobrou: “Poxa, pai, você ainda nem abriu o livro que lhe dei!”.    Era verdade. Fui abri-lo à noite, já na cama, certo de que folhearia algumas páginas para em seguida cair no sono. Qual o quê! Foi começar a leitura e só parar após a última página daquela novela distópica, meio ficção, meio poesia. Aliás, ainda fiquei lendo um apêndice sensacional do autor, a ficha bibliográfica e até o texto da contracapa. Como se diz

Gonçalves Dias e a Independência do Brasil

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            As comemorações em torno do bicentenário de nascimento de Gonçalves Dias deveriam estar intimamente associadas à passagem do bicentenário da adesão do Maranhão à Independência do Brasil.            Afinal, o mais importante poeta do Romantismo brasileiro foi gerado e nasceu sob o fragor das lutas que se travaram nos arredores de Caxias, a antiga Caxias das Aldeias Altas, último reduto de resistência portuguesa à emancipação do Brasil no Maranhão.   Pouco antes da capitulação das tropas comandadas pelo major português João José da Cunha Fidié, que se haviam acantonado no Morro das Tabocas com dez canhões e 700 homens, e da entrada triunfal na vila dos seis mil brasileiros que, durante cem dias, a mantiveram sob cerco intransponível, o comerciante português João Manuel Gonçalves Dias e sua amante grávida, a mestiça Vicência Mendes Ferreira, temendo represália dos independentes, fugiam para sítio Boa Vista, nas matas do Jatobá, a oitenta quilômetros de Caxias.   Apenas nove di