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Mostrando postagens de julho, 2020

Hemetério, o professor abolicionista de Codó

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Professor Hemetério dos Santos D epois de Maria Firmina dos Reis (1822-1917), reconhecida e celebrada como primeira escritora a tratar, na literatura brasileira, do tema da escravidão, chegou a vez de outro maranhense, o professor Hemetério José dos Santos (1858-1939), nascido em Codó, subir ao pódio das personalidades emblemáticas dos movimentos negros no Brasil. Assim como Maria Firmina (1822-1917), que ganhou notoriedade nos meios acadêmicos e estudantis depois de sua redescoberta nos anos 70 do século passado pelo poeta Nascimento Morais Filho, Hemetério dos Santos virou, repentinamente, tema de estudos em diversas universidades por sua contribuição, como professor e escritor, na luta pela inclusão do negro na sociedade e pelo fim do preconceito racial. Hemetério dos Santos: de fraque e cartola O curioso é que nenhum dos dois esteve na linha de frente do movimento abolicionista, liderado por José do Patrocínio, Luís Gama, André Rebouças (negros, como Hemetério), Jo

Mororó e o pacto com o diabo

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P arecia um personagem do realismo mágico de Garcia Márquez ou do pós-modernismo de Guimarães Rosa.               Comerciante bem sucedido, morava com a família, a mulher e duas filhas, num casarão imponente, com calçada alta, fachada arrematada por platibanda decorada, seis portas e seis janelas que se abriam para duas ruas cruzadas ao pé da ladeira da Altamira.             Na parte frontal da casa, ficava a loja, que visitei muitas vezes, aos onze, doze anos, onde ele vendia gêneros alimentícios, pólvora e ferramentas para uma clientela que incluía os moradores da cidade, fazendeiros, lavradores, tropeiros e índios do sertão.             Lembro-me nitidamente de sua figura. Alto, branco, cabelos ralos, sobrancelhas grossas, sem camisa, com uma calça de mescla presa por cinto de couro cru, o mesmo couro das sandálias, atrás do balcão da loja, simpático, contando histórias e fazendo negócios. Assim era Oton Mororó Milhomem, personagem da minha infância evocado