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A casa derruída

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Não resistiu às chuvas do último inverno. Numa  madrugada de aguaceiro, com  raios e trovoadas, desabou, resignada, sobre si mesma. Primeiro, o telhado, com seus caibros e ripas desgastados e telhas recobertas pelo lodo do tempo. Em seguida, as paredes, dissolvidas pelo dilúvio. Em poucos segundos, tudo era apenas um monte de escombros encharcados na praça da matriz.  Nada ficou em pé, resumiu, com pesar, como quem com unica a morte de um parente próximo, o dono da peixaria qu e frequento em Brasília. Ele é a única pessoa nesta cidade que me dá notícias de Mangabeiras, a pequena vila, hoje grande município produtor de soja, onde nasci numa manhã chuvosa de dezembro.  A casa derruída de que me fala o peixeiro conterrâneo é a casa da minha primeira infância, o lar onde vivi até os 6 anos de idade. Enquanto ouço, mudo e paralisado, a notícia, ela, a casa, ressurge nítida na minha memória. Ficava na praça principal, em frente à igr eja. F oi mandada construir por meu pai, logo que se caso