O menino do dedo verde

Tistu, um menino rebelde e triste, descobriu um dia, na sua aula de jardinagem, que tinha o polegar verde.

Isso significava que bastava tocar o dedo na terra para dela brotarem, repentinamente, árvores, plantas e flores.

A primeira vez que li “O menino do dedo verde”, o pequeno e fabuloso livro do escritor francês Maurice Druon (1918-2009), q narra a história de Tistu, eu era ainda um garoto, e nada sabia das urgências do planeta.

Mas lembro q me comovi com a história daquele menino e sua mensagem menos ecológica q pacifista. (O autor do livro lutou na Segunda Guerra, e era soldado da paz. Por isso, uma das passagens mais bonitas do livro é quando Tistu transforma em flores as balas dos canhões da fábrica do pai).

Anos depois, descobri que o autor do livro tinha um pé no Maranhão. Era bisneto do político, tradutor, poeta, publicista e humanista Odorico Mendes (1799-1864), conhecido por suas traduções de Homero e Virgílio.

Pois não é que um dia, em 1998, se não me engano, Maurice Druon foi a São Luís para conhecer o busto do bisavô, erguido na praça também dedicada a seu ancestral famoso!

Foi nessa ocasião que tive a oportunidade de comprimentá-lo. Num gesto carinhoso, ofereceu a meu filho Gabriel um exemplar de “O menino do dedo verde”.

Nunca mais o vi. Em abril de 2009, soube de sua morte, em Paris.

Hoje estava relendo o livro de Druon, com sua dedicatória carinhosa, e fiquei pensando em Tistu, o menino do dedo verde.

Fico imaginando como seria bom que aquele menino e seu estranho poder fossem verdadeiros, nesses tempos de terror ecológico, de destruição das nossas florestas.

Bastaria mandá-lo à Amazônia ou à Serra do Mar, aos cerrados ou à floresta, e pedir q tocasse com o seu dedo mágico aquelas terras devastadas, para que nelas tudo renascesse e reflorisse...





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