A Padaria Espiritual
No finalzinho do século XIX, um grupo de jovens cearenses inquietos, como esses que hoje tomam as ruas do país em defesa da educação, decidiu chacoalhar o ambiente intelectual de Fortaleza, investindo, ora, vejam, contra o menosprezo ao conhecimento e o culto à ignorância, que nada é novo neste mundo. Reunidos num café no centro da cidade, sob a liderança de Antonio Salles, um poeta e escritor de 23 anos, esses jovens criaram, em maio de 1892, a Padaria Espiritual, “uma sociedade de rapazes de Letras e Artes” destinada a “fornecer pão de espírito aos sócios, em particular, e aos povos, em geral”. Na ocasião, divulgaram um bem-humorado estatuto de 48 artigos estabelecendo as regras de funcionamento das fornadas (reuniões) e as atribuições dos seus vinte padeiros (os sócios). O distintivo da Padaria, segundo o estatuto, seria uma haste de trigo cruzada por uma pena. Criou-se um órgão de divulgação da sociedade, “O Pão”, jornal de oito páginas, de circulação m...