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A vantagem do silêncio sobre a adesão do MA à Independência

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Há uma vantagem inegável na ausência de celebrações oficiais na data do Bicentenário da Adesão do Maranhão à Independência do Brasil, que transcorre amanhã, 28 de julho.    Com a indiferença e quase desprezo das autoridades e instituições culturais em relação a tão relevante episódio histórico, afastam-se riscos da reiteração de homenagens, desnecessárias e imerecidas, ao lorde escocês e herói da Marinha inglesa Thomas Cochrane, que já ostenta, para contrariedade dos maranhenses, o título de Marquês do Maranhão. Pois, a verdade é que nenhuma homenagem deve o Maranhão a essa figura em retribuição a serviços que haja eventualmente prestado em apoio à nossa luta pela Independência.  Lorde Cochrane   Não somente porque, a instâncias de José Bonifácio, contratado pelo nascente império brasileiro para submeter as províncias que se opunham à emancipação do jugo português, tenha ele mesmo recebido, ou indiretamente por meio de descendentes, cada centavo do que se julgava merecedor. Nem mesmo p

Quanto vale um poeta?

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"Pai, sugiro que leia este livro. Sei que vai gostar". Tratava-se de um pequeno volume de capa azul com uns desenhos repetidos e um título curioso:  Vamos comprar um poeta . O autor, o português Afonso Cruz, de quem jamais ouvira falar.  Recebi o livro, coloquei-o na mesinha ao lado da poltrona e continuei a ler o  Livro de areia , de Borges, por quem ando fascinado ultimamente. E prometi a Duda acatar sua sugestão. No dia seguinte, de saída para a universidade, ela foi novamente ao cantinho da sala em que me recolho para ler, viu o Borges cobrindo meu rosto, e cobrou: “Poxa, pai, você ainda nem abriu o livro que lhe dei!”.    Era verdade. Fui abri-lo à noite, já na cama, certo de que folhearia algumas páginas para em seguida cair no sono. Qual o quê! Foi começar a leitura e só parar após a última página daquela novela distópica, meio ficção, meio poesia. Aliás, ainda fiquei lendo um apêndice sensacional do autor, a ficha bibliográfica e até o texto da contracapa. Como se diz

Gonçalves Dias e a Independência do Brasil

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            As comemorações em torno do bicentenário de nascimento de Gonçalves Dias deveriam estar intimamente associadas à passagem do bicentenário da adesão do Maranhão à Independência do Brasil.            Afinal, o mais importante poeta do Romantismo brasileiro foi gerado e nasceu sob o fragor das lutas que se travaram nos arredores de Caxias, a antiga Caxias das Aldeias Altas, último reduto de resistência portuguesa à emancipação do Brasil no Maranhão.   Pouco antes da capitulação das tropas comandadas pelo major português João José da Cunha Fidié, que se haviam acantonado no Morro das Tabocas com dez canhões e 700 homens, e da entrada triunfal na vila dos seis mil brasileiros que, durante cem dias, a mantiveram sob cerco intransponível, o comerciante português João Manuel Gonçalves Dias e sua amante grávida, a mestiça Vicência Mendes Ferreira, temendo represália dos independentes, fugiam para sítio Boa Vista, nas matas do Jatobá, a oitenta quilômetros de Caxias.   Apenas nove di

Guimarães Rosa nas alturas

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  Há 55 anos, no dia 19 de novembro de 1967, um infarto fulminante tirou a vida de João Guimarães Rosa, já então reconhecido como um dos maiores escritores brasileiros de todos os tempos e um dos mais importantes da literatura em língua portuguesa. Aos 59 anos, ele estava sozinho em seu apartamento, no Rio de Janeiro. A notícia de sua morte causou comoção em todo o Brasil, sobretudo nos meios acadêmicos e intelectuais, que, três dias antes, haviam aplaudido o seu ingresso na Academia Brasileira de Letras. Desde então, a fama de Guimarães Rosa só cresceu. E não apenas como escritor.            Hoje, quem for ao município de Santa Isabel do Rio Negro, no norte do estado do Amazonas, e se aproximar da fronteira do Brasil com a Venezuela, poderá contemplar o ponto culminante do território brasileiro, o Pico da Neblina, que se ergue a 2.993 metros acima do nível do mar.   Se, de determinado ângulo, observar o conjunto de corcovas alinhadas ao lado da montanha, verá, igualmente soberbo e

Os amigos maranhenses de Guimarães Rosa

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  Amigo, para mim, é só isto: é a pessoa com quem a gente gosta de conversar, do igual o igual, desarmado. O de que um tira prazer de estar próximo. Só isto, quase; e os todos sacrifícios. ​​ (G. Rosa . Grande sertão: veredas ).   Há menos de dois anos,   no dia   18   de   março   de 2021,   a   Levy Leiloeiro, do Rio de Janeiro, vendeu, por R$ 1.810,   a arrematador   não identificado,   uma carta do escritor e diplomata Guimarães Rosa (1908 – 1967)   endereçada   ao   jornalista, escritor e político maranhense José Maria dos Reis Perdigão (1900 – 1986), a quem trata como amigo.   ( 1 ) Na carta,   datilografada   em papel timbrado do Ministério de Relações Exteriores,   com data de 3 de junho de   1946,   acompanhada do respectivo envelope dos Correios,   o autor de   Grande sertão: veredas   desculpa-se com Perdigão por não poder   lhe   enviar, como gostaria, um exemplar de   Sagarana ,   seu primeiro   e lendário livro   de contos, que acabara de ser   publicado,   porque