Quadrinhos, livros e vacas

Admiro os amigos que dizem ter lido a Divina Comédia aos oito, nove anos de idade, conheceram o idealismo transcendental de Kant aos dez e, aos onze, já sabiam de cor trechos do Fausto , de Goethe. Antes dos dez anos, o que eu lia mesmo, e muito, eram histórias em quadrinhos e livros de bolso. Lembro de estar, aos sete anos, na fila do Cine Natal, para assistir a Ben-Hur, de William Wyler, com uma pilha de revistas do Fantasma, Mickey, Tarzan e Super-Homem debaixo do braço para o ritual de troca de exemplares já lidos, na calçada larga onde leitores e cinéfilos se encontravam toda vesperal de domingo. (Por que acabaram com o saudável escambo de revistas e figurinhas de álbuns nas portas dos cinemas? Ou, se melhor pergunto: por que acabaram com os cinemas daquele tempo?). Foram os quadrinhos, juntamente com o rádio – único meio de comunicação de massa que conheci na infância - a minha primeira janela para o mundo. Com as histórias em quadrinhos, viajei países, ...