PAIXÃO PELAS FREIRAS

A Gregório de Matos são atribuídos dezenas de poemas obscenos dedicados a freiras.
Dentre os simbolistas que exploraram o tema, destaca-se o poeta José Américo Augusto Olímpio Cavalcanti dos Albuquerques Maranhão Sobrinho (1879-1915).
Em 1897, aos 18 anos, ainda vivendo em Barra do Corda
(MA), onde nasceu, Maranhão Sobrinho publicou o poema abaixo, dedicado a uma
freira do convento de sua cidade:
VÊS?
...
Tomaram uma luz divina, estranha
Luz d'aurora, nos flavos da montanha,
Da branda aragem aos dúlcidos cortejos.
Vês? Teu roupão mimoso de bretanha
Luz d'aurora, nos flavos da montanha,
Da branda aragem aos dúlcidos cortejos.
Vês? Teu roupão mimoso de bretanha
Estremece da brisa aos sãos bafejos
-
Pálio que encobre a hóstia dos desejos;
O fruto tentador da luz tamanha…
Vês? Teus seios gentis por entre as rendas
Da perfumosa e cândida mantilha
Cantam baladas e soletram lendas.
Teu rosto tem a palidez de Ofélia
O perfume das virgens de Sevilha
E a mágica expressão do de Cordélia.
Anos
mais tarde, Maranhão Sobrinho publicou o classico soneto “Soror Teresa”, em que
descreve a morte, por amor, de uma freira que se apaixonou pela imagem de
Cristo, o Senhor Morto:
SOROR TERESA
... E um dia as monjas foram dar com ela
morta, da cor de um sonho de noivado,
no silêncio cristão da estreita cela,
lábios nos lábios de um Crucificado...
somente a luz de uma piedosa vela
ungia, como um óleo derramado,
o aposento tristíssimo de aquela
que morrera num sonho, sem pecado...
Todo o mosteiro encheu-se de tristeza,
e ninguém soube de que dor escrava
morrera a divinal soror Teresa...
Não creio que, de amor, a morte venha,
mas, sei que a vida da soror boiava
dentro dos olhos do Senhor da Penha...
Comentários
Postar um comentário